Drones para georreferenciamento, você acabou de encontrar um guia definitivo a respeito do tema.
Com a leitura do mesmo, você aprenderá:
- Qual a legislação a respeito da utilização de drones para georreferenciamento;
- Qual a resolução espacial exigida pela legislação;
- Quais dados precisam ser mantidos pelo Agrimensor;
- Quais as 7 etapas do georreferenciamento com drone;
- E muito mais.
Prossiga a leitura com máxima atenção.
Drones para georreferenciamento – Legislação a respeito
A lei 10.267 em sua terceira edição, na página 26 do manual técnico de posicionamento aborda a utilização do sensoriamento remoto no georreferenciamento de imóveis rurais.
A este respeito, o Manual técnico de posicionamento trás a seguinte passagem:
Dentre as possibilidades de posicionamento por sensoriamento remoto, são aplicados aos serviços de georreferenciamento de imóveis rurais os seguintes métodos:
a) Aerofotogrametria;
b) Radar aerotransportado;
c) Laser scanner aerotransportado; e
d) Sensores orbitais (satélites).
No caso dos drones, os mesmos se encaixam na categoria Aerofotogrametria. Além disso, o referido manual ainda informa que:
Quando da utilização de produtos obtidos através de aerofotogrametria, radar ou laser scanner aerotransportados, além da especialização e habilitação supramencionadas, deve-se estar devidamente habilitado pelo Ministério da Defesa e possuir homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Não se aplica o posicionamento por sensoriamento remoto na determinação de vértices tipo “M”, vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de confrontação. Nos demais tipos de limite o credenciado deverá cercar-se das precauções necessárias em relação ao produto utilizado, de forma que garanta a precisão posicional definida pela NTGIR 3ª Edição.
Perceba que muito tópicos ficaram vagos no manual técnico de posicionamento. Isso fez com que os profissionais da área tivessem muitas dúvidas.
Por exemplo, quais são as exatas situações nas quais é possível utilizar drone para georreferenciamento. Por causa disso, o INCRA precisou emitir a Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018.
Drones para georreferenciamento – Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018
Vamos entender as principais novidades trazidas por esta norma de execução e, enfim, se vale ou não a pena você investir na compra de um drone.
Seguem as principais novidades trazidas pela referida norma de execução.
Necessidade de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)
De acordo com a norma de execução, o Agrimensor precisará emitir uma ART específica sempre que utilizar drones em processos de georreferenciamento.
Lembrando que no caso dos técnicos da área, os mesmos precisarão emitir uma RRT (Registro de Responsabilidade técnica).
Habilitação profissional pela ANAC
O manual técnico de posicionamento pelo GNSS, em seu teor, já informava que o profissional precisa estar devidamente habilitado pelo Ministério da Defesa e possuir homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Ou seja, a Norma de Execução nº 02, de 19 de fevereiro de 2018 nada mais fez do que reforçar esta necessidade, de certa forma que não tem como um profissional que não esteja habilitado pela ANAC utilizar drone para georreferenciamento.
Em quais situações que pode-se utilizar drones para georreferenciamento?
O georreferenciamento com drone pode ser realizado em pontos do tipo P e V somente, preste atenção:
“Quando as feições definidoras dos limites forem foto identificáveis!”
Isso significa que não tem como utilizar-se drones caso os vértices estejam escondidos sob o dossel.
Perceba que este tópico da norma de execução limita bastante a utilização de drones para georreferenciamento. Isso porque a maioria do País está nos biomas mata atlântica e Amazônia. Biomas estes que possuem como característica a existência de vegetação alta e densa.
Ou seja, nestes biomas, são poucas as situações nas quais se pode utilizar drones para georreferenciamento.
Drones para georreferenciamento – Resolução espacial exigida pela legislação
A Norma de Execução n° 2 estabelece que a GSD (Ground Sample Distance – sigla em inglês para Distância de Amostra do Solo, usada para representar a precisão), deverá ser compatível com a feição a ser identificada.
Ou seja, GSD é a representação do pixel da imagem em unidades de terreno, geralmente representada em centímetros.
Por exemplo, quando informamos que um mapa possui GSD de 10 cm/px, significa que cada pixel na imagem terá a dimensão de um quadrado com lados de 10 x 10 centímetros.
Caso você não saiba, muitos dos drones utilizados para a fotogrametria, normalmente possibilitam GSD de 5 cm. Ou seja, cada pixel na imagem tem a dimensão de um quadrado com lados de 5 x 5 centímetros.
Lembrando que a lei do georreferenciamento define diferentes padrões de precisão de acordo com o tipo de limite. São elas:
- Limites artificiais – Melhor ou igual a 50 centímetros;
- Limites naturais – Melhor ou igual a 3 metros;
- Pontos inacessíveis – Melhor ou igual a 7,5 metros.
Perceba que o uso de drones, quando corretamente feito, cumpre facilmente estes pré-requisitos. Porém lembre-se que os objetos precisam estar “foto identificáveis”.
Esta necessidade acaba reduzindo drasticamente a utilização de drones para georreferenciamento. Isso porque em limites naturais, como rios, por exemplo, se a barranca do rio não for foto identificável, o uso de drones não será possível.
O quadro abaixo, presente na página 29 do manual técnico de limites e confrontações mostra os códigos atribuídos a cada método de posicionamento e os diferentes tipos de limites nos quais é possível utilizar-se a fotogrametria:
Perceba que o item PS1 refere-se a aerofotogrametria, sendo que a mesma pode ser utilizada em limites artificiais, naturais e pontos inacessíveis.
Alias, caso você deseje aprender mais a respeito, eu possuo um livro que irá ajudar você a dominar a topografia com drones.
Necessidade de avaliação da acurácia posicional absoluta na utilização de drones para georreferenciamento
A Norma de Execução n° 2 também estabelece que ao utilizar-se drones para georreferenciamento, deve ser realizada a avaliação da acurácia posicional absoluta. A mesma deve obedecer aos seguintes critérios:
- Uso de no mínimo 20 pontos de checagem/verificação, os quais deverão ser devidamente sinalizados/identificados em campo;
- Teste estatístico que comprove a normalidade das discrepâncias posicionais planimétricas ao nível de confiança de 95%, usando o método de Shapiro-Wilk;
- Teste de tendência ao nível de 90%, usando o teste t-student, que comprove a não-tendenciosidade;
- 100% das discrepâncias posicionais serem menores ou iguais à precisão posicional correspondente a cada tipo de limite, segundo o item 7.2 do Manual Técnico de Posicionamento.
Necessidade de arquivamento dos dados
Assim como os dados obtidos pela topografia convencional e pelo posicionamento pelo gnss, a utilização de drone para georreferenciamento de imóveis rurais também exige que o responsável técnico arquive e mantenha uma série de arquivos. São eles:
- Relatório de processamento do levantamento aéreo;
- Relatório de processamento dos pontos de controle;
- Relatório de ajustamento dos pontos de controle;
- Relatório de controle de qualidade posicional com a avaliação da acurácia posicional absoluta;
- Imagens aéreas ortorretificadas;
- Licença, habilitação e homologação (o que couber) das agências e órgãos reguladores.
Perceba que na prática os trabalhos deverão ser realizados seguindo a legislação vigente para aeronaves, quer sejam estas tripuladas ou não, sendo necessário que o profissional mantenha um rígido dossiê de relatórios e de arquivos.
Uso da aerofotogrametria para a determinação de vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de conformação
A nova Norma também permite que a aerofotogrametria seja usada para a determinação de vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de confrontação.
Este item é bem polêmico, porém está na norma, preto no branco, o georreferenciamento com drone pode ser utilizado em vértices de limites por cercas e em vértices referentes a mudança de confrontação.
Por outro lado, a norma técnica mantém a restrição de aplicação de aerofotogrametria para determinação de vértices do tipo M.
Na prática, isso significa que você deve obrigatoriamente materializar os vértices das mudanças de ângulo de limites, obtendo os dados dos mesmos com estações totais e receptores GNSS.
Drones para georreferenciamento – As 7 etapas
Neste artigo eu mostro as 7 etapas da topografia com drone. No caso, as etapas do georreferenciamento com drone se diferenciam um pouco das mesmas.
Basicamente, uma vez que você tenha se registrado junto a ANAC, as etapas que você deve seguir são:
Etapa 1 – Fazer o planejamento do voo;
Etapa 2 – Fazer o plano de voo;
Etapa 3 – Distribuir no mínimo 20 pontos de controle na área de interesse e fazer o rastreamento dos mesmos com um receptor GNSS.
Etapa 4 – Fazer o mapeamento da área com o uso do drone, com os alvos ainda distribuídos em seus respectivos lugares.
Etapa 5 – Fazer a importação e o tratamento das imagens em um software de processamento de imagens de drone.
Etapa 6 – Gerar o ortomosaico.
Etapa 7 – Emissão da ART.
Enfim, perceba que a legislação é bem rígida quanto a utilização de drones para o georreferenciamento.
Porém, que a compra de um drone é altamente viável, desde que você não se limite a prestação de serviços de georreferenciamento.
Isso porque existe uma vasta gama de serviços que podem ser prestados com a utilização de drones.
Drones para georreferenciamento – Qual comprar?
Os drones que podem ser utilizados em processos de georreferenciamento de imóveis rurais são os mesmos que podem ser utilizados na topografia com drones.
Neste artigo eu abordo de maneira detalhada a temática, mostrando 5 pré-requisitos que você precisa cuidar ao comprar um drone para mapeamento topográfico.
Também mostro quais são os melhores drones para georreferenciamento.
Alguns dos mais utilizados são:
- Phantom 4 Pro;
- Mavic 2 Pro;
- Mavic Air;
- Mavic Mini e;
- Mavic Air 2.
Domine a Topografia Cadastral através de um livro formado por centenas de exemplos práticos
Você quer dominar a Topografia Cadastral?
Então eu tenho uma ótima noticia para você. Me refiro ao livro Topografia Cadastral e Georreferenciamento de Imóveis Rurais na Prática.
O mesmo é dividido em 10 capítulos recheados com muitos estudos de caso e exemplos práticos. Dê uma espiadinha no sumário do mesmo:
Para conhecer melhor a estrutura do livro, juntar-se a mais de 800 profissionais e adquirir sua cópia é só clicar no botão abaixo: