Área Preservação Permanente?

Publicado por Adenilson Giovanini em

Área preservação permanente, você acabou de colocar suas 2 mãos em um artigo definitivo sobre o tema.

Com a leitura do mesmo você aprenderá:

  • O que é uma área preservação permanente;
  • Qual a legislação a respeito do tema;
  • Quais as exceções a restrição estabelecida pelo novo código florestal;
  • Quais os benefícios proporcionados pelas áreas de APP;
  • Qual a largura que uma área de preservação permanente deve ter;
  • Quais as áreas atípicas que podem ser classificadas como APPs e;
  • Como fazer a delimitação de APPs no ArcGIS e no QGIS.

No caso, vou ranquear o artigo para o termo área preservação permanente. Por causa disso, algumas frases vão ficar um pouco esquisitas.

 

O que é uma área preservação permanente?

o que é uma área preservação permanente APP

O Novo código Florestal, Lei nº12.651/12 implementou o que é conhecido pelos profissionais como regra da escadinha.

Vamos entender o conceito trazido pelo mesmo para área de preservação permanente APP e, quais são as diferentes larguras que uma área preservação permanente pode ter.

 

Área preservação permanente – Conceito

conceito de área preservação permanente APP

O novo código florestal, Lei nº12.651/12 no seu artigo 3° traz a seguinte definição para área de preservação permanente:

II – área preservação permanente – APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

 

As áreas de APP existem para garantir o direito de ter-se um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A definição destas áreas ajuda a mitigar o impacto causado pelo exponencial crescimento populacional.

As mesmas são áreas naturais intocáveis, com rígidos limites de exploração. Ou seja, áreas nas quais não é permitida a exploração econômica direta.

Este é o fator que diferencia uma área preservação permanente de uma unidade de conservação. isso porque unidades de conservação (UCs) estabelecem o uso sustentável ou indireto de áreas preservadas.

Isso não significa que não existam circunstâncias nas quais as áreas de APPs não possam ser utilizadas e até mesmo desmatadas.

 

Porque proteger as áreas de preservação permanente

porque proteger as áreas de preservação permanente

As áreas de preservação permanente são essenciais para um correto funcionamento dos sistemas hídricos. As mesmas:

  • Protegem os rios de sofrerem erosão e consequentemente assoreamento e;
  • Conservam a biodiversidade de espécies animais e vegetais.

Um bom exemplo do tamanho do impacto do assoreamento é o rio São Francisco. Conforme esta matéria do jornal Estado de Minas Gerais mostra, o mesmo, que antigamente era navegável em grande parte de sua extensão, está sofrendo os efeitos da erosão.

A mesma está fazendo o Rio São Francisco ficar assoreado, o que, entre outras coisas, está impedindo a navegação em muitos lugares antes navegáveis.

Na realidade, o Brasil como um todo, viu ao longo das últimas décadas as reservas hídricas diminuírem drasticamente.

Isso está fazendo com que córregos que nunca secavam, se tornaram intermitentes.

Da mesma maneira, muitas cidades estão vendo os níveis de seus reservatórios diminuírem sensivelmente, o que já está causando inclusive racionamento de água em algumas cidades.

 

Área preservação permanente – Exceções a restrição estabelecida pelo novo código Florestal

exceções a restrição estabelecida pelo novo código Florestal

O artigo 8º do novo código florestal aborda esta temática, sendo que o mesmo define que somente órgãos ambientais podem abrir exceção à restrição, autorizando o uso e até mesmo o desmatamento de uma área preservação permanente rural ou urbana.

Para intervir em uma APP, você deve comprovar enquadramento em uma as seguintes hipóteses:

  • Utilidade pública;
  • Interesse social;
  • Baixo impacto ambiental.

 

Quando é possível intervir em APPs

area de preservação permanente app
- supressão de APP

Caso deseje intervir em uma APP, a área deve se enquadrar nas regras acima, sendo que você deve solicitar a autorização prévia junto ao órgão ambiental.

Perceba que é um caminho complicado e oneroso, sendo poucas as situações nas quais é possível intervir ou suprimir a vegetação existente em uma APP.

 

Área preservação permanente – Benefícios proporcionados pelas APPs

benefícios proporcionados pelas área preservação permanente APP

Como você deve ter percebido, o grande motivo da criação de uma área preservação permanente é a proteção dos solos e, principalmente, das matas ciliares.

Isso porque as matas ciliares:

  • Protegem os rios e reservatórios de assoreamentos;
  • Evitam transformações negativas nos leitos;
  • Garantem o abastecimento dos lençóis freáticos e a preservação da vida aquática.

Área preservação permanente APP – As diferentes larguras existentes

largura de uma área preservação permanente APP

O Código Floresta em seu art. 4º aborda a definição do que é uma área preservação permanente APP e, principalmente, as diferentes larguras que uma área preservação permanente pode ter.

Segue o mesmo:

I – as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:

 

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

II – as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

 

III – as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;

IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

V – as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;

VI – as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII – os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII – as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX – no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base.

Esta definição é feita pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;

X – as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;

XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.

 

A maior polêmica do novo código florestal

a maior polêmica do novo código florestal

Perceba que a largura de uma área preservação permanente varia entre 30 e 500 metros, sendo que o fator que define qual largura uma APP deve ter é a largura do córrego.

Uma das mudanças trazidas pelo atual código florestal é bem controversa.

Isso porque o mesmo mantem as mesmas distâncias do código revogado, iniciando a medida a partir:

  • Da calha regular. Isto é, do canal, por onde correm regularmente as águas do curso d’água durante o ano;
  • Dos rios e não mais a partir do leito maior, que é a largura do rio ao considerar o seu nível mais alto, nível este alcançado por ocasião da cheia sazonal.

Esta mudança resulta em uma efetiva redução dos limites das APPs às margens de cursos d’água, uma vez que a nova medida ignora as épocas de cheias dos rios.

 

Área preservação permanente APP – Áreas atípicas que podem ser classificadas como APPs

área preservação permanente app - áreas atípicas que podem ser classificadas como APPs

Quando se fala em área APP, existe uma serie de outras áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação que podem ser classificadas como área preservação permanente APP, desde que declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo.

São elas:

  • Contenção da erosão do solo e mitigação dos riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
  • Proteção as restingas ou veredas;
  • Proteção de várzeas;
  • Abrigo de exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
  • Proteção de sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
  • Assegurar condições de bem-estar público;
  • Auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares;
  • Proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional (art 6º).

 

O que é a compensação de APP

A Portaria nº 98/2020 informa que o proprietário deve preferencialmente fazer a compensação por uma área, acrescida dos índices ecológicos, optando pela compensação de APP somente quando não existir tal área em sua propriedade.

No caso, a compensação de área preservação permanente APP poderá ocorrer de três formas, na seguinte ordem.

  • Recuperação de APP na área de influência direta do empreendimento;
  • Recuperação de área de preservação permanente em área dentro da Unidade de Conservação Estadual;
  • Recuperação de APP em área fora da Unidade de Conservação Estadual.

Tal compensação deverá ser realizada pelo empreendedor na formalização do pedido:

  • De licença ambiental prévia e licença ambiental de instalação;
  • Da autorização de corte de vegetação ou;
  • Da renovação de licença ambiental de operação.

Caso a compensação não tenha sido realizada, a compensação deve ser feita na formalização do pedido de licença ambiental de operação corretiva.

Nesses casos, o prazo máximo para cumprimento da compensação será de doze meses, iniciando do recebimento da licença ou autorização, sendo que a duração mínima para a recuperação e monitoramento da APP será de cinco anos.

Para este fim, o empreendedor deve apresentar relatórios fotográficos anuais, com anotação de responsabilidade do responsável técnico.

 

Área preservação permanente – Delimitação no ArcGIS

Agora que você entendeu o que é uma área preservação permanente APP, segue uma aula ensinando como fazer a delimitação de APP no ARCGIS.

Delimitação de área preservação permanente APP no QGIS

Aula ensinando como fazer a delimitação de APP no QGIS.

 

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Categorias: ArcGIS

Adenilson Giovanini

O Professor Adenilson Giovanini é especialista em Topografia Cadastral e Georreferenciamento de Imóveis Rurais. O mesmo possui o Maior Site de Engenharia de Agrimensura do Brasil. Site este que tem mais de 102.000 visualizações por mês. Também possui mais de 600 vídeos em seu canal no youtube. Além disso, é escritor Best Seller, possuindo vários cursos e livros de sucesso.