Semiologia Gráfica: Origem e Variáveis Visuais
A semiologia gráfica pode ser compreendida como um conjunto de diretrizes que orientam a elaboração de mapas temáticos com o uso de símbolos caracterizadores da informação (Archela, R. S., 2001).
Origem da semiologia gráfica
A semiologia gráfica surgiu na França, entre 1960-1967, um período de reflexões e experimentações para a construção desta linguagem.
Foi através da análise sistemática de muitas representações e imagens, que Jacques Bertin pode definir as variáveis visuais e estruturar as primeiras regras de construção da imagem gráfica.
Os primeiros resultados foram divulgados em sua obra Sémiologie Graphique em 1967. na mesma Bertin define a representação gráfica como:
A representação gráfica constitui um dos sistemas de signos básicos concebidos pela mente humana para armazenar, entender e comunicar informações essenciais. Como uma “linguagem” para o olho, a representação gráfica beneficia por suas características ubíquas de percepção visual. Como um sistema monossêmico, ela forma a porção racional do mundo da imagem.
O período entre 1968-1985, pode ser considerado como o segundo momento da semiologia gráfica. Isso porque neste período ocorreu o desenvolvimento e a divulgação dos tratamentos gráficos.
Um ocorrido importante nesta época foi Bertin reeditar a obra Sémiologie Graphique em 1973 e lançar La graphique et le traitement graphique de l’information em 1977.
Ao escrever sobre a representação gráfica como um sistema visual, Bertin afirma que para a leitura de uma tabela de dados são necessários diversos momentos de apreensão da informação.
Porém, se os mesmos dados forem representados graficamente, a sua análise requer somente um instante de percepção, o que facilita a comparação.
Desta maneira, na representação gráfica é possível apreender de uma só vez três variáveis, sejam elas as duas dimensões do plano e a variação de símbolo.
A representação gráfica também permite analises mais completas através da visualização dos dados, seja considerando um só componente ou o conjunto de componentes representados em uma mesma construção gráfica.
Bertin define oito variáveis visuais:
- As duas dimensões do plano (que no caso dos mapas operam como uma só variável visual);
- Tamanho;
- Valor;
- Granulação;
- Cor;
- Orientação e
- Forma.
Essas variáveis, quando empregadas no plano, podem apresentar três tipos de implantação: ponto, linha e área.
As outras seis variáveis visuais (tamanho, valor, granulação, cor, orientação e forma) são nomeadas variáveis retínicas e sua utilização chamada de elevação, pois elas são responsáveis pela representação de informações impossíveis somente com as duas dimensões do plano. (BERTIN, 1983 [1962]).
Semiologia gráfica – Níveis de organização das variáveis visuais
Os níveis de organização das variáveis visuais são seletivo, associativo, ordenado e quantitativo. (BERTIN, 1983 [1962]).
Uma variável é SELETIVA (?) quando nos permite imediatamente isolar todas as correspondências pertencentes à mesma categoria (desta variável).
Essas correspondências formam “uma família”:
- A família dos signos vermelhos, aquela dos signos verdes;
A família dos signos claros, aquela dos signos escuros;
A família dos signos da direita, aquela dos signos da esquerda do plano.
Uma variável é ASSOCIATIVA (=) quando permite agrupamento imediato de todas as correspondências diferenciadas por esta variável.
Essas correspondências são percebidas “todas as categorias combinadas”. Quadrados, triângulos e círculos que são pretos e do mesmo tamanho podem ser vistos como signos semelhantes.
“Forma” é associativa. Círculos brancos, cinzas ou pretos do mesmo tamanho não serão vistos como similares. “Valor” não é associativo. Uma variável não associativa será nomeada dissociativa ( ).
Uma variável é ORDENADA (O) quando a classificação visual de suas categorias, de suas etapas, é imediata e universal.
Um cinza é percebido como intermediário entre o branco e o preto, um tamanho médio é intermediário entre um pequeno e um grande;
O mesmo não é verdadeiro para um azul, um verde e um vermelho, os quais, em um mesmo valor, não produzem imediatamente uma ordem.
Uma variável é QUANTITATIVA (Q) quando a distância visual entre duas categorias de um componente ordenado pode ser imediatamente expressa por uma relação numérica.
Um comprimento é percebido como igual a três vezes um outro comprimento; uma área é quatro vezes outra área.
Note que a percepção quantitativa visual não tem a mesma precisão das medidas numéricas (se tivesse, os números, sem dúvida, não teriam sido inventados).
Contudo, frente a dois comprimentos em uma relação aproximada de 1 para 4, sem auxílio algum, a percepção visual nos permite afirmar que a relação não significa nem 1/2 nem 1/10.
A percepção quantitativa é baseada na presença de uma unidade que pode ser comparada com todas as categorias na variável. Não permitindo o branco o estabelecimento de uma unidade de medida para o cinza ou preto, relacionamentos quantitativos não podem ser traduzidos por variação de valor. Valor pode somente traduzir uma ordem. (BERTIN, 1983 [1962], p.48).
A figura abaixo apresenta as variáveis visuais segundo os tipos de implantação e os níveis de organização.
Destacando que na elaboração de mapas as duas dimensões do plano são comprometidas com a base cartográfica, por isso os demais componentes são todos representados pelas variáveis retínicas.
Modelização gráfica ou coremática
O espaço geográfico é formado por um conjunto de coremas em composição. Essas composições de coremas são as mais variadas, porém Brunet percebeu que algumas são recorrentes e deu a elas o nome de corotipos (chorotypes).
Semiologia gráfica – Modelos gráficos
Segundo Théry (2004) a construção de modelos gráficos é a busca das estruturas fundamentais do espaço e das lógicas que deram origem à sua configuração, sendo a escala de trabalho um fator indiferente nesta abordagem.
Para que um modelo gráfico seja eficiente ele deve “dar conta das localizações, das configurações espaciais observadas, de justificar, pelo jogo das interações, combinações e de algumas contingências locais, todas as irregularidades e deformações que aparecem.” (THÉRY, 2004, p.181).
Para Ferras (1993) a modelização depende de cinco habilidades:
- A escolha de elementos significativos na complexidade do real;
- Evidenciá-los e relacioná-los;
- Domínio dos procedimentos técnicos;
- Proposição de um todo coerente e lógico;
- Uma generalização para comparações possíveis.
Créditos: Este post sobre semiologia gráfica se baseou no artigo “Contribuições da Semiologia Gráfica para a Cartografia Brasileira” de autoria de Rosely Sampaio Archela, sendo um resumo do mesmo.
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