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Georreferenciamento com drone: como proceder?

The dron flies over the field

Uma dúvida frequente entre os profissionais no que se refere ao Georreferenciamento com drone é em quais situações que vale a pena e que a legislação deixa utilizar estes equipamentos.

Se esta é uma duvida sua, não se preocupe que neste artigo eu irei lhe mostrar exatamente quando e como utilizar drones para o Georreferenciamento.

 

Resumo do artigo

O Manual técnico de Posicionamento e o uso de drones
Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018 e o Georreferenciamento com drone
Necessidade de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)
Habilitação profissional pela ANAC
Em que tipo de situação que pode-se utilizar drones?
Georreferenciamento com drone e a resolução espacial exigida pela legislação
Necessidade de avaliação da acurácia posicional absoluta
Necessidade de arquivamento dos dados
Precisão posicional dos dados obtidos por aerofotogrametria
Georreferenciamento com drone – Como proceder?
Uso da aerofotogrametria para determinação de vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de conformação

Georreferenciamento com drone – O Manual técnico de Posicionamento e o uso de drones

A lei 10.267, através de sua terceira edição homologou o uso de drones em processos de Georreferenciamento.

O documento que abordou o Georreferenciamento com drone foi o manual técnico de posicionamento, na página 22.

Na realidade, o mesmo não fala especificamente a respeito do uso de drones, mas sim do sensoriamento remoto, porém caso você não saiba, a técnica utilizada pelos drones para a obtenção de dados é o sensoriamento remoto.

O manual técnico de posicionamento diz que:

Dentre as possibilidades de posicionamento por sensoriamento remoto, são aplicados aos serviços de georreferenciamento de imóveis rurais os seguintes métodos: a) Aerofotogrametria; b) Radar aerotransportado; c) Laser scanner aerotransportado; e d) Sensores orbitais (satélites).

Além disso, o referido manual ainda informa que:

Quando da utilização de produtos obtidos através de aerofotogrametria, radar ou laser scanner aerotransportados, além da especialização e habilitação supramencionadas, deve-se estar devidamente habilitado pelo Ministério da Defesa e possuir homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Não se aplica o posicionamento por sensoriamento remoto na determinação de vértices tipo “M”, vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de confrontação. Nos demais tipos de limite o credenciado deverá cercar-se das precauções necessárias em relação ao produto utilizado, de forma que garanta a precisão posicional definida pela NTGIR 3ª Edição.

Acontece que muitos tópicos importantes ficaram vagos no manual técnico de posicionamento.

Os profissionais da área tinham muitas dúvidas, por exemplo, em relação a como proceder na prática.

Por causa disso, posteriormente o incra emitiu a Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018, trazendo considerações importantes sobre o Georreferenciamento com drone.

Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018 e o Georreferenciamento com drone


Vamos entender as principais novidades trazidas por esta norma de execução e enfim, se vale a pena ou não você investir na obtenção de um drone.

Seguem as principais novidades trazidas pela norma no Georreferenciamento com drone.

Georreferenciamento com drone – Necessidade de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART)

Isso mesmo, o Geomensor terá que emitir uma ART específica quando utilizar a aerofotogrametria nos serviços de georreferenciamento.

Perceba que até que este não é um empecilho tão grande, se colocarmos na balança todas as vantagens que o uso de drones pode trazer para o georreferenciamento.

Habilitação profissional pela ANAC

O manual técnico de posicionamento pelo GNSS em seu teor já informava que o profissional precisa estar devidamente habilitado pelo Ministério da Defesa e possuir homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Ou seja, a Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018 nada mais fez do que reforçar esta necessidade, de certa forma que não tem como um profissional que não esteja habilitado pela ANAC utilizar drones em processos de georreferenciamento.

Em que tipo de situação que pode-se utilizar drones?

Esta é uma outra dúvida comum entre os profissionais. A maioria acha que, exceto em pontos do tipo M, pode-se utilizar drones em qualquer situação.

Na realidade isso não é verdade. O georreferenciamento com drone pode ser realizado em pontos do tipo P e V somente, preste atenção.

Quando as feições definidoras dos limites forem foto identificáveis!

Isso significa que não tem como utilizar-se drones caso os vértices estejam escondidos abaixo da vegetação.

Perceba que na realidade, este tópico da norma de execução limita drasticamente o georreferenciamento com drone.

Vou dar um exemplo que você entenderá melhor:

Aqui no Rio Grande do Sul grande parte do estado está no bioma mata atlântica, que curiosamente, em muitas regiões existe praticamente somente no perímetro das propriedades.

O problema é que tal mata normalmente é alta. Ou seja, na prática são raríssimos os locais nos quais pode-se fazer o georreferenciamento com drone.

Sim, eu sinto muito dar esta informação, mas perceba isso.

Que se o local não é foto identificável, infelizmente não será possível fazer o georreferenciamento com drone!

Resumindo: na prática isso significa que se você pretendia investir na aquisição de um drone, infelizmente a má notícia é que provavelmente não vala a pena.

 

 

 

Georreferenciamento com drone e a resolução espacial exigida pela legislação

A Norma de Execução estabelece que a GSD (Ground Sample Distance – sigla em inglês para Distância de Amostra do Solo, usada para representar a precisão), deverá ser compatível com a feição a ser identificada.

Ou seja, GSD é a representação do pixel da imagem em unidades de terreno, geralmente representada em centímetros.

Por exemplo, quando informamos que um mapa possui GSD de 10 cm/px, significa que cada pixel na imagem terá a dimensão de um quadrado com lados de 10 x 10 centímetros.

Caso você não saiba, muitos dos drones utilizados para a fotogrametria, normalmente possibilitam GSD de 5 cm. Ou seja, cada pixel na imagem tem a dimensão de um quadrado com lados de 5 x 5 centímetros.

Cuidado: na realidade existe variação na GSD. Porém, como disse, a mesma costuma ser algo no entorno de 5 a 10 cm/px. Logo, cuide bem as características técnicas quando for comprar um drone.

Lembrando que a Norma Técnica de georreferenciamento define diferentes padrões de precisão de acordo com os tipos de limites:

Perceba que o uso de drones cumpre facilmente estes pré-requisitos. O problema, é que os objetos devem ser “foto identificáveis”.

Como eu disse, isso acaba reduzindo drasticamente as aplicações de drones em processos de georreferenciamento. Em um limite natural como um rio, por exemplo, se a barranca do mesmo não for inidentificável na foto, o uso de drones não é possível.

Perceba que na realidade, quase não existem situações nas quais o uso de drones é permitido.

No que diz respeito ao uso da fotogrametria, eu trago na imagem abaixo o quadro com os códigos atribuídos a cada método de posicionamento e em quais tipos de limites eles podem ser usados:

Perceba que o item PS1 refere-se a aerofotogrametria, sendo que a mesma pode ser utilizada em limites artificiais, naturais e inacessíveis.

Nos próximos tópicos eu irei abordar melhor este assunto.

Georreferenciamento com drone – Necessidade de avaliação da acurácia posicional absoluta

A norma de execução também estabelece que ao utilizar-se a aerofotogrametria para fins de georreferenciamento de imóveis rurais, deve ser realizada a avaliação da acurácia posicional absoluta. A mesma deve obedecer aos seguintes critérios:

Uso de no mínimo 20 pontos de checagem/verificação, os quais deverão ser devidamente sinalizados/identificados em campo;

 

Necessidade de arquivamento dos dados

Assim como os dados obtidos pela topografia convencional e pelo posicionamento pelo gnss, o georreferenciamento com drones também exige que o responsável técnico arquive e mantenha uma série de materiais. São eles:

Perceba que na prática, os trabalhos deverão ser realizados seguindo a legislação vigente para aeronaves, quer sejam estas tripuladas ou não, sendo necessário que o profissional mantenha todas as informações realizadas antes, durante e depois do levantamento dos dados.

Precisão posicional dos dados obtidos por aerofotogrametria

A Norma de Execução define, ainda, que para os vértices cujas coordenadas foram determinadas por aerofotogrametria, os valores de precisão posicional devem ser preenchidos com os valores de RMS obtidos no processo de avaliação da acurácia posicional.

Uso da aerofotogrametria para a determinação de vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de conformação

A nova norma também permite que a aerofotogrametria seja usada para a determinação de vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de confrontação.

Isso mesmo, este item é bem polêmico, porém está na norma, preto no branco: o georreferenciamento com drone pode ser utilizado em vértices de limites por cercas e em vértices referentes a mudança de confrontação.

Por outro lado, a norma técnica mantém a restrição de aplicação de aerofotogrametria para determinação de vértices do tipo M.

Na prática, isso significa que você deve obrigatoriamente materializar os vértices das mudanças de ângulo de limites, obtendo os dados dos mesmos com estações totais e receptores GNSS.

Georreferenciamento com drone – Como proceder?

Se você resolver investir na compra de um drone, mesmo sendo tão poucas as situações nas quais pode-se fazer o georreferenciamento com drone, talvez você esteja curioso quanto a como proceder.

Infelizmente este assunto é bem amplo e não tem como eu abordar detalhadamente o mesmo neste artigo, porém eu vou compartilhar com você um rápido resumo das etapas do georreferenciamento com drone.

Etapa 1 – Fazer o registro junto a ANAC, caso o drone pese de 250 gramas a 25 KG. Se o drone pesar mais de 25 KG o procedimento será um pouco mais complexo.

uma vez que você tenha se registrado junto a ANAC, tenha fechado negócio com o seu cliente e decidido que vale a pena utilizar o drone na propriedade em questão, terá chegado na segunda etapa.

Etapa 2 – Fazer o planejamento do voo.

Etapa 3 – Distribuição de no mínimo 20 pontos de controle na área de interesse e rastreamento dos mesmos.

Etapa 4 – Mapear a área com o uso dos drones. Detalhe, com os alvos ainda distribuídos em seus respectivos lugares.

Perceba que na realidade, provavelmente você irá aproveitar a ida a campo e obter outros dados do perímetro da base propriedade no mesmo dia.

Além disso, o método utilizado para o rastreamento dos pontos de controle deve ser o relativo, pois a velocidade de trabalho é maior.

Ou seja, você pode fazer todo o levantamento dos dados da propriedade em 1 dia ou pode levar 2 ou mais dias. Tudo irá depender do tamanho da propriedade.

Você é quem que, com base nas características da propriedade, vai decidir qual procedimento que irá adotar.

Etapa 5 – Fazer a ortorretificação dos dados.

Etapa 6Georreferenciamento dos dados.

Etapa 7 – Emissão da ART.

Como disse, este é um resumo rápido das etapas. O mesmo foi produzido com o intuito de ajudar você a ter uma noção de como que deve proceder.

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Gratidão por você ter lido o artigo. 🙏

 

 

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